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17 maio, 2007

Ensina-me a vender!

Curso ensinará empresas e indivíduos a lucrar no Second Life!

O reino deles não é deste mundo. Tampouco da realidade cotidiana da qual eles pretendem se alimentar, vestir ou construir impérios. Não nesta vida, mas em uma segunda existência, imaginária e criada pela fantasia de cada um. Um universo virtual onde as apostas são altas, o interesse de corporações crescente e de futuro incerto. Para alguns é uma bolha, para outros é o que vai substituir a internet.

À primeira vista, trata-se de um jogo, um passatempo. Quem ama define a vida virtual como metaverso. Numa tradução pouco ortodoxa: para além de algum lugar. Ou, simplesmente, Second Life, a febre da internet altamente contagiosa a empresas em busca de divulgação e negócios e profissionais que procuram oportunidades.

Diversas empresas e entidades já se aventuram nas ilhas que compõem o arquipélago virtual, mas há ainda muito mar a ser ocupado. De olho nesse mercado da “construção civil”, um curso real ensina empreendedores e companhias, também de carne, osso e concreto, como criar ambientes virtuais e suprir a real demanda por artigos para avatares, os personagens que representam cada um dentro do Second Life.

A New Horizons, franqueadora internacional com presença em quase todos os estados, começa em breve as aulas de LindenScript, a linguagem de programação do Second Life. A idéia é a de oferecer dois níveis de curso. No primeiro, os alunos terão as noções elementares de como utilizar o programa e interagir com o ambiente. O segundo, bem mais avançado, oferecerá as técnicas de como construir prédios, carros, roupas e acessórios.

As aulas terão duração de 20 horas, divididas em cinco dias ao longo da semana. Haverá ainda aulas on-line. A empresa também prepara o início de aulas no próprio Second Life.

Para Daniel Carvalho, responsável pela implementação do curso, cedo ou tarde todos vão querer aprender a fazer algo mais. “Em geral, observamos que na primeira semana em que as pessoas entram no ambiente elas querem se relacionar, fazer amizades, mas da segunda em diante elas deixam isso de lado e querem é fazer negócio.”

A iniciativa da New Horizons está sendo muito bem recebida. Antes mesmo de qualquer divulgação oficial do curso, que começa no próximo mês, a empresa teve contato de cinco companhias interessadas em treinar funcionários. Além delas, também uma comunidade de jogadores de videogame em lan houses buscou o programa para aprender as técnicas de programação do Second Life.

Carvalho é um entusiasta apaixonado pelo Second Life, desses que os olhos brilham ao falar do assunto e a testa franze ao ouvir críticas. “Quem diz que é um jogo apenas, nunca entrou no programa e muda de idéia em uma semana”, diz convicto. “Nosso objetivo não é ensinar a jogar, mas a como criar negócios e promover produtos.”

O Second Life não é exatamente uma idéia original, mas a mistura até agora bem-sucedida de várias outras. O Ragnarok, anterior ao Second Life, é um jogo em que os avatares caminham por ambientes virtuais e precisam encontrar ferramentas e utensílios para passar de fase e seguir adiante. Com o tempo, o que ocorreu foi o estabelecimento de um comércio bem real dessas ferramentas. Quem as achava, vendia.

A diferença elementar entre os dois programas é que ao contrário do Ragnarok, o Second Life não tem uma missão a cumprir, não há um objetivo a ser alcançado. É, porém, uma formidável possibilidade de burlar a realidade, viver uma vida que a natureza não ofereceu. Se não se pode comprar uma Ferrari nesta vida, lá talvez seja possível. O objetivo é ser quem não se pode ser. No entanto, poucas empresas atentam para isso.

Diversas companhias entraram para estar na moda, seguir a onda. Mas não oferecem nenhum produto. São meros outdoors para suas marcas. Ou, em outros casos, as instituições valem-se da frase “estou no Second Life” para vender a imagem de moderna e antenada com as novas tendências, realizando festas, coletivas de imprensa e reuniões de trabalho no ambiente virtual.

Há quem diga se tratar de apenas mais uma bolha virtual, como outras que com o passar do tempo estouraram ou simplesmente foram deixadas de lado, substituídas por outra novidade. Mas o diretor-comercial da New Horizons, Roberto Gonçalves, vê como mais uma oportunidade a não ser desperdiçada. “O que impressiona na internet é que todo dia encontro alguém que diz ter descoberto um site realmente fantástico, mas que perdeu o timing, passou.”

O mérito estaria em criar uma onda e mantê-la firme e longe da praia. Nesse aspecto o Second Life teria a vantagem de ser um universo em edificação. Mas a segunda vida imita a primeira. Para construir é preciso dinheiro, e nesse caso é o de verdade mesmo. Em diversos sites pode-se encontrar ofertas de terrenos nas ilhas, de todos os tamanhos e preços, para comprar ou alugar. Sim, alugar.

O Brasil é o primeiro país a ter uma versão oficial em língua nativa. A versão em português do programa foi lançada há pouco menos de um mês pela Kaizen Games em parceria com o provedor iG. As duas empresas esperam que em um ano quase 2 milhões de brasileiros passem a interagir no ambiente virtual.

No mundo, o sucesso do programa não pára de crescer. Entre janeiro e março deste ano, a população on-line do Second Life cresceu 46%, de acordo com pesquisa recente. Dentre o cerca de 1,3 milhão de residentes que entraram no programa em março de 2007, 61% vieram da Europa, 19% da América do Norte, 13% da Ásia, 6% da América Latina e 2% da África e do Oriente Médio.

A perspectiva de expansão, aliada ao ambiente mais amigável para brasileiros, pelo fato de o sistema estar em português, tem animado os consultores que buscam levar empresas para o Second Life. “O programa tinha a barreira do idioma, agora superada”, diz o consultor de marketing Aloísio Gondim.

Em busca de empresas do interior de São Paulo interessadas em ingressar no mundo virtual, ele vê como natural que as primeiras experiências sejam limitadas a meros anúncios. “Estamos tateando ainda e as empresas buscam uma mídia nova e mais barata como um primeiro passo.” As próximas etapas da caminhada seriam a produção e a venda realizada diretamente no Second Life.

“Quando apresento o programa, a primeira coisa que ouço é: ‘legal, e daí?’ Ainda é muito novo para todos e tende a crescer demais.” Gondim, como muitos, acredita que no Brasil o Second Life deva ser sucesso como o Orkut e tenha em breve audiência como a americana. Uma meta ambiciosa. Atualmente, os Estados Unidos têm cerca de 207 mil residentes do Second Life que o acessaram entre janeiro e março deste ano. Em toda a América Latina foram 77 mil.

A questão agora é saber onde tudo isso vai dar. E para quem trabalha e acessa o Second Life essa não é uma pergunta, mas o espírito do sistema. Onde vai dar? Depende do que os avatares construírem.

por: Jobson Lemos
Carta Capital

Um comentário:

Anônimo disse...

oi boa tarde.........
aki gostaria de saber si daniel carvalho , trabalha nesta empresa?
por favor é muito importante
o filho dele de 10 anos gostaria muito de conhece-lo neste natal.
foi o unico presente que ele mim pediu de presente,que eu falasse com o daniel pra vim conhece-lo.pois ele sonha muito com esse dia e ñ sei si posso fazer com que ele vem
obrigado